segunda-feira, 3 de junho de 2013

A (Má-)Emoção Controlada Pela RazãoHá a ideia de que quando se concede à razão inteira liberdade ela destrói todas as emoções profundas. Esta opinião parece-me devida a uma concepção inteiramente errada da função da razão na vida humana. Não é objectivo da razão gerar emoções, embora possa ser parte da sua função descobrir os meios de impedir que tais emoções sejam um obstáculo ao bem-estar. Descobrir os meios de diminuir o ódio e a inveja é sem dúvida parte da função da psicologia racional. Mas é um erro supor que diminuindo essas paixões, diminuiremos ao mesmo tempo a intensidade das paixões que a razão não condena. O homem racional, quando sente essas emoções, ficará contente por as sentir e nada deve fazer para diminuir a sua intensidade, pois todas elas fazem parte da verdadeira vida, isto é, da vida cujo objectivo é a felicidade, a própria e a dos outros. Nada há de irracional nas paixões como paixões e muitas pessoas irracionais sentem somente as paixões mais triviais. Ninguém deve recear que ao optar pela razão torne triste a vida. Ao contrário, pois a razão consiste, em geral, na harmonia interior; o homem que a realiza sente-se mais livre na contemplação do mundo e no emprego da sua energia para conseguir os seus propósitos exteriores, do que o homem que é continuamente embaraçado por conflitos íntimos. Nada é tão deprimente como estar fechado em si mesmo, nada é tão consolador como ter a sua atenção e a sua energia dirigidas para o mundo exterior. 

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"

sábado, 11 de maio de 2013

Trying to find my place. Trying to understand why to hide my place.
Trying to understand how to hide my place.

terça-feira, 7 de maio de 2013

O Amor


“(…) O Crisóstomo explicava que o amor era uma atitude. Uma predisposição natural para se ser a favor de outrem. É isso o amor. Uma predisposição natural para se favorecer alguém. Ser, sem sequer se pensar, por outra pessoa.”


“(…) os seus olhos tinham um precipício. E ele estava quase a cair olhos adentro, no precipício de tamanho infinito escavado para dentro de si mesmo. Um rapaz carregado de ausências e silêncios. (…) Para dentro do rapaz pequeno era um sem fim e pouco do que continha lhe servia para a felicidade.”

Valter Hugo Mãe - O filho de mil Homens
foto:  the loner, by wednesday love

quarta-feira, 24 de abril de 2013

"A vida continua, à revelia da felicidade."
Valter Hugo Mãe

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Spring Lake by Figothecat
"Lançaram uma pedra na tranquilidade do lago. O lago comeu-a. Sorriu ondulações. Voltou a ficar tranquilo." Hermógenes

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Controlo da Alma, por Marco Aurélio (121-180)

Peace by Grenkey

"Lembra o retiro que te oferece esse pequeno domínio que és tu mesmo; acima de tudo, não te inquietes nem te oponhas, mas permanece livre e encara as coisas virilmente, como homem, como cidadão, como mortal. E, naquilo em que meditares mais frequentemente, estejam presentes estas duas verdades fundamentais: uma, que as coisas não afectam a alma, mas permanecem imóveis, fora dela, e as nossas perturbações resultam unicamente da opinião interior que a alma delas forma; outra, que tudo quanto contemplas mudará dentro de um instante e não mais existirá. Pensa em quantas mudanças já assististe. O cosmos é mutação; a vida, opinião.
Se suprimires a tua opinião sobre aquilo que te parece causar sofrimento, alcançarás perfeita segurança. Tu, quem? A razão. Mas eu não sou apenas razão. Seja. Então, que a razão não se perturbe a si mesma. Mas se outra parte de ti sofrer, que ela opine sobre si própria."

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Fear

"O pior de todos os medos é o medo do medo" - Cury. Uma frase curta, mas que tantas voltas me tem feito dar...
fear by JordanRobin

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

amor e sofá

"As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo à frente de um aparelho onde passam as séries e os filmes mais parvos que já se fizeram."
José Luís Peixoto

Café da manhã

Um dia viajarei de comboio rumo a várias capitais europeias, com a câmara fotográfica na mão e um mapa amarrotado no bolso. Um dia nadarei com os golfinhos até os dedos ficarem enrugados de tanta água. Um dia aprenderei skimming board e não mais terei vergonha de levar a prancha para a praia. Um dia conseguirei nadar mariposa. Um dia conduzirei um carro confortável e grande. Um dia levarei a minha mãe a umas termas. Um dia farei uma viajem de família. Um dia terei filhos. Um dia remodelarei a minha casa. Um dia saberei silenciar a mente. Um dia saberei meditar. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Acordar

"Eu adoro todas as coisas 
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. 
Tenho pela vida um interesse ávido 
Que busca compreendê-la sentindo-a muito. 
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, 
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas, 
Para aumentar com isso a minha personalidade. 

Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio 
E a minha ambição era trazer o universo ao colo 
Como uma criança a quem a ama beija. 
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras, 
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo 
Do que as que vi ou verei. 
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações. 
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos. 
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca. "


Álvaro de Campos

terça-feira, 22 de maio de 2012

...

A Desordem da Minha Natureza(...) enfrentei pela primeira vez o meu ser natural enquanto decorriam os meus noventa anos. Descobri que a minha obsessão de que cada coisa estivesse no seu lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente ordenada mas, pelo contrário, um sistema completo de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, mas como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir a minha mesquinhez, que passo por prudente por ser pessimista, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que não se saiba que pouco me importa o tempo alheio. Descobri, por fim, que o amor não é um estado de alma mas um signo do Zodíaco. Gabriel Garcia Marquez (Memória das minhas putas tristes)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

The "we" word


"we" are living in...
"we" wish things...
"we" are planning to...
"we" decided...

Wish I could say it and hear it more often.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CXI por Filipe Nunes Vicente


"Ao contrário do que diz a cartilha dos indigentes, ao pé do mar ficamos enormes, ficamos gigantes. Só de o ver.
Olhar sem esperar nada - nem sequer a retribuição - é um privilégio. O mar, como a morte, oferece-nos essa plateia. Diante deles só podemos melhorar"